segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Desventura Espiritual

Mergulha na utopia de ser feliz,
Conduzo os passos trôpegos e de certo mortais,
Para a sacristia mutável da vida dúbia.
Transbordando em prazeres feudais,
Nos tempos modernos e fascistas,
Prejulgo amar no fulgor lascivo da castidade eclesiástica!
Surrealista os padrões hologramáticos,
Deste ser polaroidico!
Imutáveis as leis sarcásticas de um coração,
“marginalizado” e por fim lírico!
Emoções oscilantes, neste mosaico imenso da realidade.
Tento em vão me redimir,
Desta culpa impiedosa que assassina,
A razão mediúnica deste espírito celestial!

(Natália Tamara)





terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ao me Despir!

  Talvez desconheça a razão de estar vestida com toda essa roupa do passado, completamente insatisfeita com esse paletó de rancor, de ódio, de magoa e de nojo. Fico a me perguntar como pude chegar tão baixo, como pude contratar um alfaiate tão presunçoso, arrogante, e preconceituoso, porém esse mesmo tão sentimental.
  Embora tudo isso me deixe em total consternação, preciso tirar esse meu traje caríssimo, mas muito pesado e já exaustivo para desfilar nestas paralelas ondulosas da vida. Durante algumas horas fiquei a olhar-me perante o espelho e notar a mistura heterogenia e o contraste de cores que aquele traje exalava, e ao mesmo tempo admirar o brio refinado e elegante desta vestimenta tão galantemente nobre e esplendidamente ofuscante. Fiquei mais algumas horas defronte o espelho encarando aquele semblante tão indefinível que aparecia em superior envolto naquele traje tão misterioso.
  Depois de mais alguns minutos comecei a me despir; fui então desatando os botões feitos de amargura, cada casa era feita de antigas paixões, o paletó totalmente costurado em linhas de antigos desejos e cortado em sedas de amor proibido. Retirando a blusa feita sobre medida de exacerbado sentimentalismo, com punhos esculpidos de amor louco, pude perceber o quanto ela me machucava e mais ainda, é de fato a peça de roupa que gosto mais, ela cabe perfeitamente em mim...
   Ao abrir o zíper de incompatibilidade desta calça feita de genética inversa pude perceber o quanto ela me feria, tão quão pesado este pano de Brim revestido em preconceito. E assim fui me despindo lentamente, peça por peça, pele por pele, dor por dor, lembrança por lembrança, encontros, amizades, flertes, paixões, família, amor, tudo jogando ao chão, estou nua... Mas ainda existe um peso em mim, um imensurável peso, e esse, não consigo tirar, pois não consigo despir alma, meu espírito carrega vendavais líricos e furiosos...
  E ao me despir, descobrir que tão pouco importa meu traje exterior, pois ferindo ou não, lindo ou não, indomável ou não, galante, elegante, voraz, enlouquecedor, o que importa é minha vestimenta interior, essa talvez jamais possa ser despida por completa, esse traje é unicamente meu, e assim em decoro posso garantir que sou alfaiate de mim...


(Natália Tamara)