segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

“V. Roxenne”


No grito voraz e em total agonia plasmática,
Anseio pela tórrida vida servil da musa celestial.
Dança indolente do sacrilégio dual, do ato imprudente,
Na prudência compatível para com a sociedade!?

Entre corpos, tu vais bailar no sepulcro do real amor,
 E por certo celebrarei o sopro altaneiro do ardor.
Não há quem domine e quem vença tal doença,
O veneno letífero infiltrado no peito, o sorriso amargo!

Passos em arranjos personais, um amor, um adeus!
E toda arrogância perfumada numa latrina de fatos banais.
Por ventura não sou Cyrano de Bergerac, mas sofro do mesmo mal,
Brindo com ele a mesma chaga, cultuo a mesma prece, afago a mesma ferida!

Por te “V.Roxenne”, ardendo e delirando, morrendo e vivendo,
Entre as garras aspérrimas do preconceito esmagador e tirano,
Bailo no tango subalterno do amar sem explicação lógica,
Na dança incompatível de ternura, sangue, ódio e desventura!

Ah imaculada e frívola vedete do prazer, ah “V.roxenne”,
Eternas, imortais lembranças vivas, desejos sedentos,
Amor num estagio supremo de múltiplas de convulsões,
Minha renuncia, minha loucura, meu desatino, meu pecado divinal!

Paixão que outrora foi doce e fiel amiga, hoje o que resta?
A dor, o espasmo constante do horror sagrado, ausência?
De quem são teus suspiros, tuas palavras, teu corpo, teu desejo?
E o que resta das nossas verdades, do nosso ritmo? Talvez o gozo promíscuo da morte!

Natália Tamara 










domingo, 11 de novembro de 2012

“Não, e Ainda sim o mesmo Amor”


Nos teus seios saudosos embriagava-me de prazer,
Na real fantasia de enlouquecer no teu corpo.
Cinzas de dor em ópio letal, frágeis palavras,
Na decomposição fatal do ódio, da raiva!

Frenesi de insensatez e amor ao avesso,
Pairava nos corações massacrados pela duvida humana.
Cruel agonia em dó maior, e , certas vezes em ré sustenido,
Não mais o plausível abraço, tão pouco o beijo sufocante!

Nos teus olhos infinitos, visualizava o horizonte onipotente,
E por vezes sucumbia o desejo latente de prender-te a mim.
Ah coração! Companheiro do andar errante,
O que fazer com este infinito amor, esta paixão cruciante!

Penetrei fundo neste mar de ardor, neste vendaval incolor,
Implorando aos céus piedade para com este ser sofredor.
Não mais promessas de adorar sem fim, não mais você!
Agora existe apenas “Eu” e minha nova identidade de amor!

Natália Tamara.






sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SONETO


Noite! Desce sua imensidade e com ela seus mistérios,
Pensava! E em que pensavas não me perguntes!
Pois meu coração irrecuperável, destruído;
És como um rouxinol que perdeu seu cantar embriagador!

Noite... Quisera eu descrever a beleza de tais olhos,
Mas nasci apenas para admirá-los...
Quisera eu descrever tais lábios, oh... Inesquecível noite,
Mas vivo apenas para desejá-los...

Oh... Certa voz é mais profunda e suave,
Que expulsaria os rouxinóis do jardim antes que cantasse,
E meu amor é corrosivo, como a doença e a sua cura juntas!

As estrelas ficam humilhadas com o brilho do seu rosto,
Quem és tu, que baila nesta noite e vens surpreender o meu segredo?
Já não sei quem sou então o véu desta mesma noite sepulta meu “ser”.

Natália Tamara



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

“Crônica Indagação da Mente”



Vozes mutiladas, agudas e sorrateiras,
Entre faces, misturando-se a verdades e mentiras,
Fui lama, fui bares, fui sua realidade nas camas!
E toda resolução do errado deu-se em acontecimento,
E fui diabo, réu, culpada, fui cristo na cruz!

O home aranha arranhou o céu da própria vivencia,
Como pode amores e sentimentos nascer e morrer tão rápido;
Como pude ser tão feliz na ingenuidade do interesse!
Patriota de uma pátria em guerra, que se volto contra mim,
Tal qual me remeteu ao exílio da esperança do acreditar.

Vozes falaram sem saber, falsidades explodiam em feroz alarde,
E a santa que não era santa, se postulava ao trono;
Sem conduta, sem moral, e precedida de um coral de inverdades!
O vento sopra; a capital se faz minha realidade, estou a viver;
Renascendo das cinzas, ressurgindo da tempestade, Fênix bipolar!

Natália Tamara     





    

terça-feira, 9 de outubro de 2012

V.angela


Ó fatal engano, deveras efeito do pecado,
Por ousadia, sonhei que era feliz!
Mas de fato alimentei a serpente que se pôs contra mim.
Não resistir a tentações, e entre apelos sentimentais,
Permitir o corpo humano deleita-se, e o espírito coroar-se de prazer!

Hoje não sei quem me abraçou, quem correu perigo,
Não reconheço o ser que dormiu ao meu lado,
E por ressalva ligava-me todas as manhãs!
Ah! Quem és? lhe pergunto com a alma arrepiada,
Mereces o meu ódio, ou o meu culto?

Manchei minha personalidade, com nódoas do ridículo,
No momento que Vangela despia-se da sua fantasia lesbiana;
Quando a luz da sua liberdade apontou, já não era necessário
Fantasiar amor e atenção... Dar-se então Santidade a criança!
E deixa-lhe a cinza em paz Fatal Amor...

Natália Tamara         




segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Destino cruel!"


Permita-me contemplar o teu olhar infinito,
A noite brilha pura e branca, tão branca quanto minha solidão.
Tudo que posso dizer-lhe nesta noite é silencio,
Minha voz treme e estremece com o esplendor da tua imagem.

Trago na alma incêndios eterno de amores vorazes,
Que por toda parte lavra evidente e oculto esse fogo...
Sinto o furacão varrendo as ruas da minha nostalgia,
E ouço teu divino canto arrebatador!

Singularizo melodia, ardor e pureza neste boêmio coração,
Aos amigos oferto sorriso e a mais tradicional atenção...
Os amores se os tive, deixo o mais inocente afeto!

Permita-me ser gentil com seus lábios e mãos,
Perdoe minhas mãos tremulas e nervosas ao encontrar as tuas;
Diga-me como poderei te esquecer? Como poderei parar de te amar?...


          Natália Tamara

        

domingo, 30 de setembro de 2012

“Mundo Real”


Memórias, ventanias, pedaladas em volta de mim,
Passos desconhecidos, porém companheiros do mesmo labor.
Saudade se escondendo por trás de cada sorriso,
E um olhar ainda tímido, no respaldo do não saber!

Nuvens passeiam neste céu azul anil,
E o astro rei reluz seu onipotente espetáculo;
Não interrompendo o frio cortante que a todo instante,
Vem afagar este corpo tão fervido e abraseado...

Os roteiros são distintos, mas alguns se encontram,
Neste menestrel o qual somos regidos pelo “Senhor”
Timbres, ritmos, certos falsetes em belíssimas apresentações,
Declarações, amores, acusações, clamores e músicas!

Noites notáveis, dias insuportáveis e delirantes também,
Ônibus e placas quem vai e vêm, pessoas, eu e outrem...
Ar nebuloso num patamar de elegantes vivencia,
Quem saiu do rumo, talvez tenha nivelado o prumo nesta divisão!

Natália Tamara



“Mudança!”


Quando por vezes, a vida massacra meus sonhos,
Tudo que posso fazer é sentar a beira das lagrimas!
Não mais tenho em mim o soldado que não sabe chorar,
Hoje, julgo-me fraca diante as ilusões do mundo, da alma.

Esta febre é latente, faz gemer, faz sofrer, faz desesperar,
Não mais aquele olhar, não mais o meu também.
O frio é afago perante um corpo ardente, uma alma febril,
A vida se foi, e eu ainda permaneço aqui, longe de mim!

Quando navego a deriva das lembranças,
Chego ao porto da realidade, sangro em saudades...
Não mais tua mão na minha, não mais aquele amor,
Não mais nós, e sim eu, e um passado você, um dia você!

Estes passos vão seguindo perante a neblina catarinense,
Numa audácia que sem duvida disfarça toda uma verdade.
Não mais o interior sereno e calmo, não mais você,
Agora penetra em mim a turbulência da capital, e elas e aquelas!

  Natália Tamara


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Não é para Um Messias indeciso; É para Você!


Vós um dia me falastes que queria ser minha,
Conquistou-me, me seduziu, nesta nobre idadezinha!
Tu provaste me guiastes, e deveras foi minha.
Eu por ventura me entreguei, por amor me doei...

Tu em devoção me amaste me erguestes, me multiplicou...
Mas depois de algum tempo, teu vendaval passou.
Tu curtistes com minha cara, negastes o obvio,
Excluístes amigos do circulo, esqueceu tudo que verbalizou!

Vós por descaso me invalidastes, me aniquilastes, banalizou.
Hoje tu profetizas que gosta do sexo oposto,
E que deste nunca provou, que este nunca amou!
És Sátira indecisa, bem sabes que mesmo que viva,

Na aurora, toda prosa e “bem decidida”,
Tu menina, tu bem sabes que me amou...
E se não isso; mas deste sexo tu provou...
E deveras há de saber que por tempo adorou!

                      Natália Tamara   



Solidão


Vendo o soberbo e arrogante amor,
E todo sentimento ardente que queima,
A mais profunda intimidade da alma.
Oferto excessos de delicadeza hostil,
Que sigo a profetizar, com essa mascara indesejável!

Invejo a morte, pois esta possui a certeza que amara a todos,
A cólera que trago comigo é heroicamente lancinante,
Sem a intenção de matar-me, leva o espírito ao desespero.
Ânsias terríveis, venenos compulsivos, hórridas lembranças;
Gozarei martírios infindos, cruel agonia!

Ó trevas que enlutais o bem inocente, porem ardente,
Afaga esta ferida ainda aberta e sangrenta,
Atiça lenha neste fogaréu! Triunfa nobre solidão!
As cinzas desse fogo, nem tempestade apagará,
E todo lirismo deste coração é vento insolúvel de uma paixão!

Natália Tamara              


domingo, 9 de setembro de 2012

Sonhei Contigo


Como canção constante, tu em meus pensamentos ficaste,
Na marcha sem fim dos meus dias, em cada sorriso furtivo;
Em cada lirismo que este coração insiste em cativar...
Não sei se mais um encantamento na linha do horizonte,
Deveras uma paixão ritmada, na orquestra da vida.

As tentações tecem desejos ardentes, sonho contigo,
Pouso o olhar na foto miragem, recebo o beijo do mistério;
E contigo amarei toda esta nostálgica e eterna noite!
Cometas inúmeros contemplaram nossa festa,
As estrelas iluminaram teu corpo dourado, teu esplendor!

Violinos tocaram, nossos passos embalaram-se,
Nesse tórrido vendável de sedução, nesta louca atração.
Senti o gosto do teu beijo, esta boca dona dos meus arquejos!
E no frenesi latente, proclamo esperanças infindas,
E mais uma vez sonhei que estavas tão linda, em braços meus!

             Natália Tamara         


   


Eis-me Aqui!


Eis-me aqui pálida e febril,
Embriagada de recordações latentes,
De coração roto e sorriso furtivo!
Eis-me aqui, diante sentimentos crônicos,
Que por motivos desconhecidos não querem se ausentar.

Eis-me aqui, trajada de silencio e tempestades,
Com a alma enlutada, porém apaixonada;
Vou além da escritura fugaz de coisas imortais!
Eis-me aqui, sem legenda e sem tradução,
Na mais completa imperfeição humana.

Eis-me aqui, com o peito ávido e ansioso,
Com este espírito, que é sem duvida meu orgulho;
Fonte de tudo, toda energia, toda ventura e toda desgraça!
Eis-me aqui, patética, sombria e lírica,
Na mais perfeita complexidade do amor!

              Natália Tamara      



IX


Angustiante saudar mais um amanhecer,
Sentir o vento frio afagar a chama ardente,
Que percorrer freneticamente nestas veias!
Ir de encontro o mar catarinense,
E olhar as ondas no intimo ato de tristeza imperial.

Percorrer a praia por horas, na frágil esperança,
De perdoar erros, que inconscientemente cometi, mas os fiz!
Como brindar com a natureza, se não encontro paz para este tormento.
Como dominar a ira que penetra nesta mente insana,
Como sacrificar o amor sem sepultar esta alma?

Velejar nas palavras, e receber ondas tempestivas,
Ser guiada por belas e adocicadas lembranças;
Porem naufragar no ápice do desespero,
De loucuras que corroí meu espírito; e ainda sim,
Amar aquela imagem que zombou de mim!


Natália Tamara                                           

Uma Partida Inesperada (Fuga de mim!)


Por hora, as coisas estão soltas, o voo atrasou, o dia se calou na sua suprema conturbação, vários passos se interligam e se vão diante o mesmo local de embarque e desembarque. Nem ida nem volta, estou duelando entre minha dupla angustia, a noite soa em doses distintas de vozes, risos, abraços de despedidas, saudações de chegada, e, eu, permaneço no mesmo estado latente de perplexidade emocional.
Os casais expõem explicitamente seus momentos felizes, não mais me reconheço na tentativa de ser indiferente aos beijos e caricias trocados entres os enamorados, tudo é frio e ardente ao mesmo tempo; e aquele tempo não passa, ou esta dor infeliz insiste em não dizer adeus. Em meio a tantos atrativos a febre continua, nem mesmo o ensurdecedor barulho das turbinas dos aviões me assusta, ou me arrancam risos como antigamente. Já é madrugada, faço check-in, despacho as malas, vivo de excessos ultimamente, excesso de dor, de rancor, de remorso, de saudade, excesso de sobra de tempo, excesso até de bagagem!
Agora passa da meia noite, depois de lançar os passos trôpegos por toda esta habitação momentânea, sento-me para alivio dos pés, porém a alma permanece carregada e não há nada que seja interessante para este ser, além de escrever. É hora do embarque, irei a destino à cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro que tanto me fascina, mas hoje deveras nem isso me cativar. Pois bem tomei em meus braços o dia cinco de agosto na capital baiana, mas vi o dia receber seus primeiros raios solares em solo carioca, foi indescritível saudar o Cristo Redentor numa madrugada cheia de graça, na graça natural de um sorriso atraente da comissária de bordo.
Ancorada no Aeroporto do Galeão, aguardo a partida do voo para meu destino final. Na espera do segundo embarque do dia, observo as pessoas, vagamente ainda consigo esboçar um meio sorriso amarelo e sem graça para os que me cumprimentam, depois firmo meu olhar para minha companhia de viagem, estou a reler Os Sofrimentos do Jovem Werther do magnífico Goethe; cada carta de Werther para Wilhelm reflete em mim o mesmo sabor conflitante do amor, a mesma forçosa renuncia imposta pelo outrem. O mundo me parece sombrio e amargo, vou sem saber por que, e para que, sei apenas que estou indo, e nesse momento não há nada que eu possa fazer. Portão vinte e cinco, fecho o livro, lanço a mochila às costas e vou para o corredor, alguns oi, olá, e o bom dia sempre receptivo da aeromoça, mas uma vez estou á janela, no sete A, entre tantos pensamentos ruidosos, me desfiz em nada, passei a contemplar a decolagem, e certos minutos perguntava-me porque estava ali! Sem resposta que pudesse satisfazer, fiquei a admirar o trabalho das elegantes aeromoças, e por momentos a trocar gentilezas com uma delas. Exatamente na hora prevista pouso em solo catarinense, cheguei ao meu destino, não sei o que me espera aqui, o que posso dizer é que sigo neste duelo heroico de matar ou não este amor que habita em mim.


04\05 de Agosto de 2012   Natália Tamara


“Hoje Não Sei”



"Não sei, hoje não sei!
O teatro fechou, o circo foi embora, o macaco ficou!
O cinema emudeceu. Hoje não entendo nada. O cinismo da imagem, a vulgaridade das palavras, Hoje o poeta está doente e dessa vez é verdade. Meu nome, Teu nome não importa, o julgamento alheio é natureza indiscutivelmente humana, minha condenação é feita por mim mesma, contra meus impulsos e a favor da real verdade. O sino da catedral tocou, a tua mentira exalou, o que outrora querias, hoje por te foi renegado!? Mas diante tudo não sei, me perdi na loucura infantil de provar algo pra alguém, inútil, mas que seja agora passado do pretérito imperfeito; não sei se posso chamar este voo de recomeço, mas, contudo deveras ser no mínimo o ponto de partida para algo de novo; mas enfim, não sei e hoje prefiro assim!
To perdida em meu próprio vagão, procurando nos escombros da alma o talismã que ainda esta em mim, algo que vive a se esconder, mas que é meu, e preciso conscientemente instalar no seu devido lugar.
Hoje tenho apenas que fechar as malas me despedir de metade do meu "eu" e literalmente voar!"





Natália Tamara

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

VIII


O amor surgiu para mim tal qual um diamante raro,
Eis então onde depositei todo sentimento nobre,
Nos sorrisos lindos e cativos da juventude guiei meu barco!
Amei como jamais havia amado,
E como bem sei jamais deveras voltar a amar.

Fui poeta ao flutuar na escultura do teu corpo,
Alcancei o céu entrelaçada em braços macios e audazes.
Mergulhei na imensidão do mar faceiro, sedutoras ondas,
Onde surfamos amantes e bailamos elegantes,
Sendo holofotes ofuscantes para os sacerdotes da vida alheia!

Foi um sentir tão puro! Uma emoção perfumosa e embriagadora,
Mas que a inconstância de maus secretos veio dissipar.
E ainda sim diante á vendavais catastróficos, mentiras e ardor;
Este devoto sentimento, hoje conturbado, enlouquecido e amargurado,
Lança-se a morte, pois não existe gloria maior do que morrer por amor!

                                                                        Natália Tamara       




                        (Talvez Você perceba que nunca vou deixa-lo ir!?)

VII



Não há escapatória para um coração inundado,
Um pobre órgão afetado por tantos sentimentos,
E uma mente conturbada, massacrada e sem limites!
Desgovernadamente vou na dupla contramão,
Neste descompasso de incertezas, sei uma única coisa.

Perco os sentidos ao relembrar cada gesto, cada toque,
Navego nas lembranças tórridas que mantém minha febre! 
Mas ainda sim, não sei de mim, Perdi algo de muito especial;
Necessito exasperadamente da cura, do teu milagroso perdão,
E assim possa me encontrar novamente, Amar como antes...?

Não há descanso para um espirito cativo da tua imagem,
Tenho pavor de mim mesma, nesta ausência de você.
Digas o que quiser, tens razão e autoridade para tal voz,
Porém não tente camuflar nosso amor passado,
Pois este é meu alimento nas horas de paz, e meu refugio de mim!

                                                                        Natália Tamara   




                                                  (Somos Prisioneiros Livres!)     

VI


Contraditório esse rio corrente de dupla margem,
Esta sedução hipotônica e tão real, porém meretriz,
Foi uma feliz ilusão, uma conflitante ironia.
Fiei-me nos sorrisos levianos de ternura,
Sendo exposta aos raios fatais da desventura!

Ó Afrodite! Semeastes em mim o mais terno dos amores,
Destes alegria e beleza á esta alma turbulenta;
Mas deveras, contudo, para mim teu amor esgotou.
Ah! Como arde este fiel coração ferido,
Anseia por tua misericórdia, faz preces para o fim deste conflito!

Em vão imploro o retorno do teu sentimento,
Suspiro os tristes sons que a magoa ecoa ao vento;
Sinto o cansaço da vida saturando o corpo, alma e mente.
Vou ardendo neste exílio ao qual fui sentenciada,
Sem esperança alguma de voltar à pátria amada, sem regressar ao teu amor!

                                                                 Natália Tamara            




                                              (Ando tão a flor da pele!!)


V



Éramos nós, amantes de almas amigas,
Na plenitude do desejo latente,
Na pureza do sorriso inocente, embora sedutor!
Éramos nós, no pudor mais intimo do amor,
Na verdade mais explicita e oculta de adorar!

Foi um sonho, na turbulência da realidade,
E ainda que tenha sido uma verdade para nós,
Nega, dispara contra mim balas inverídicas da situação.
Desdenha do nosso amor, cospe no prato que te alimentou,
Vira as costas, e rir do meu ridículo penar!

Fomos verdades na soma de todas falsas mentiras,
E no êxtase da paixão gravamos nossos nomes;
Mas nos perdemos na brava tempestade do terror!
Fomos à elegância na arte do amar,
Porém nos condenamos no lírico ato de nos torturar!

Natália  Tamara                (Obra: D.S.)


                                          (Por que Nós?!!...) 

domingo, 29 de julho de 2012

IV


A paisagem do ridículo dá contornos a minha imagem,
Anseio o fim de todo este padecimento, deste tormento.
Esta lacuna não se fecha, fica maior a cada amanhecer...
Odeio certos pensamentos, que corroem esta mente insana,
Mas ainda sim amo a bela imagem, que representas para mim!

Quero adormecer infinitamente, no gozo profundo do sublime amor,
Sediar o encontro dos anjos no céu, e quem sabe....
Quem sabe... Levitar ao serpentear nas chamas do inferno!
Vênus, como sangrei ao separar-me de te,
E ainda sim navegando neste mar vermelho, ouso te amar!

Doí-me profundamente dedilhar o mesmo dó menor,
Cantar solenemente a mesma melodia desvairada;
Deixar soar harmonicamente este timbre fúnebre e febril.
Ah... Deusa de todas as deusas, como esquecer teu esplendor?
E como viver sem receber o alimento diário do teu sorriso?

        Natália Tamara                                             (Obra: D.S.) 




                                  (Lindo Poema de Florbela Espanca)

Amor Recíproco


Como regressar de um sentimento sem retorno?
Não domo mais meu coração, ele vai sem destino.
Tenho medo do brilho deste teu olhar que me cativou,
E cismo em tê-lo sempre comigo, permanentemente...

Vivo a despir esta alma boemia e tão romântica,
O cotidiano sufoca os vestígios nostálgicos do espírito.
Assim tomo em doses lentas o infortúnio do Amor recíproco infeliz,
Tendo como analgésico o vinho, mas não do amor!

Resplandece em mim a tragédia quem sabe mais bela,
Do verdadeiro amor aventureiro e encantador...
Transmuto em roteiros celebres, trágicos e avalassadores,
Tais quais, Hamlet, Tristão e Isolda, batizada com Sonetos!

                                                                   Natália Tamara 


III


Misturo os sentidos, estou apática,
Recém-nascida de uma barriga de aluguel.
Os amores de satã numa epopeia sagrada!
E os motivos para viver, são  deleites das lembranças!

O mel dos dias esgotou, restando o amargor do fel,
E o louco fascínio pelo suicídio!
Mas essa demora é algo planejado,
É preciso que esse adeus seja longo, mas não tanto!

Minha sina é negra, há em mim uma nódoa ardente,
Romantismo que devias morrer ao lado da poesia.
Vem noite tenebrosa, vem amar comigo nesta ânsia plasmática!
Vem senhora, dai-me teu beijo finito, assina minha ultima sentença.

Natália Tamara               (Obra: D.S.)