segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

X

Escrever? Para que? Para quem? As palavras se perdem neste mundo de impostores afetivos, os guardiões do amor estão feridos gravemente, a esperança de tempos melhores, de sorrisos verdadeiros é igual uma mínima gota de orvalho que se perde em denso nevoeiro. O mundo não está mais azul, ele definha dia após noite, cada vez mais cinza. Somos refém do capitalismo, do terrorismo maquiavélico que manipula nossas ações, o mundo virou uma roleta russa, um leilão implacável do quem dá mais...
Escrever? Para que? Para quem? Se as modinhas da TV são mais interessantes, os bares estão cheios, mas não como antes, hoje eles vedem garrafas cheias para mentes vazias, as baladinhas vulgares das madrugadas estão abarrotadas de indivíduos perdidos, carentes, implorado por um beijo, ou apostando quem beija mais! Caro Leo Buscaglia sua teoria sobre compreender melhor a vida e o amor é interessante, porém a pratica da mesma jamais consegui visualizar, nem mesmo pelos seus seguidores e fiéis leitores.
Escrever? Para que? Para quem? Eu tenho sede, é uma sede insaciável... Pensamentos argumentadores germinam a todo instante, neste meu cérebro inquieto. Caro Goethe, sinto em constante alarde em minhas veias todas as dores do Jovem Werther; toda exaltação romântica que me foi ofertada pelos deuses, não tem valor neste novo mundo o qual vivemos. O que herdei de Eros talvez não tenha tanta valia; ou seja, tratado hoje como um simples assunto de lógica, um negocio racional para sobreviver. Jamais fui à mesma depois que cruzei com medusa e o basilisco.
Escrever? Para que? Para quem? A família se perdeu em um labirinto imensurável, elos fraternais mantém acesa uma pequena chama neste espírito debilitado. Porém devo confessar que pertenço a classe dos centauros e estou em alerta total; o acampamento meio sangue esta em perigo e já não posso afirmar que iremos vencer. São tempos difíceis, Já não se consegue apreciar o voou do tordo no céu anil, estou enfraquecendo a cada segundo, devo pegar o Expresso para Hogwarts e lá encontrar uma porção suicida, talvez seja necessário sair de cena antes do fim.
Escrever? Para que? Para quem...?
Perdoe-me meu caro amigo confidente.

(Natália Tamara)



IX

Oi velho amigo, estou entediada com as paginas dos dias, minhas entranhas estão dilaceradas, minha visão enevoada com vulgaridades alheias, eu consigo sentir o metal do ódio sobre minha pele, o nojo escorre pelo ventre da minha alma, aquela mulher dissimulou amor, gozando o êxtase do sexo ardente de “paixão” letal.
Tomo minha dose diária de morfina, anexo nos capítulos da minha vida imagens daquelas que provei, e em destaque concedo em tela maior aquela droga letal que eu viciei. Grita mãe melancolia, acode e chore, apaga na cama a chama fervescente de um corpo em labaredas latente, cuja utopia de vida não é simples, e sim “mundana”, cujo sorriso me tirou a paz.  Minhas lagrimas ardentes revela o sabor amargo de quem ama sem querer amar, é um sentimento indomado, tal qual um leão feroz enjaulado com um rugido indefinido. Estou livremente presa á este sentimento corrosivo e um tanto toxico; mas ainda sim no mais profundo de mim, puro, límpido e amável amor...

Querido amigo, meu velho companheiro confidente, que período agonizante, que tumulto; sinto que irei por fim nesta sensação hipocondríaca, no entanto parece ser um castigo toda esta confusão de sentimentos controversos, toda esta alucinação plasmática, como guardar este segredo que me agride noite e dia, mas como assumi-lo e ter vergonha de mim, então, travo uma batalha comigo mesma, e vou sobrevivendo nesta tempestade colérica de mau de amor.

(Natália Tamara)