Olá
meu caro amigo, hoje o dia amanheceu azul, céu anil, mas, a lembrança cinza
dela insiste em enevoar minha visão, ofuscando gradativamente todos os sentidos
desta vida heterogenia.
O
vento quente de verão vem aquecer este frio latente que percorre minhas veias
gélidas neste dia de sol brilhante. Tenho ansiado algumas vezes por outra
terra, outros ares, mas sinto alguns pingos de esperança que ainda me prendem
aqui; sei que não deveria alimentar esse sentimento, mas essa chama parece não
apagar, nem mesmo com um vendaval catastrófico de granizo. Aquela imagem não se
desfaz; esta “estória confusa” não me deixa em paz, é como se estivesse
acorrentada, preza por um sentimento o qual nunca consegui definir.
A
volúpia carnal daquele espírito me deixa atônica, aquele sorriso cruel de
desdém, seus amores primeiros, sua total disposição para amar e desamar tão
rapidamente, ah meu fiel amigo como eu quero esquecer tudo isso, por um fim
neste desejo incontrolável de querer entender o porquê se não era pra ser. Cada
encontro trazia a sensação de uma ultima despedida, tê-la ao meu lado era um
prazer subvertido em uma agonia de não ter controle nenhum sobre a situação, eu
sabia que a qualquer momento tudo podia virar tragédia, como se houvesse uma
bomba relógio dentro de mim. Eu não conseguia ter certeza do que sentia, era
uma confusão enorme, e, cada vez que penso nela sinto o gosto de passado, como
uma canção mau interpretada, é como se poema faltasse uma estrofe, muitas vezes
sinto um pressagio de futuro, como se eu pudesse reinventá-la, fazê-la emergi
de um conto de fadas, ou melhor, quem dera ela fosse uma mistura de Elizabeth
Bennet com Annabeth filha de Atena, ou talvez ela fosse ela mesma, sem dilemas,
sem passado, sem vulgaridades...
É
meu amigo, o dia amanheceu lindo, mas ainda sinto as cinzas de uma louca
estória caindo sobre meus passos, nublando minha alma, deixando-me em total
estado de frustração, como se algo morresse antes de ter fim. Deixo-te com um
abraço pesaroso deste dia azul anil.
(Natália
Tamara)
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