Infeliz da alma que comporta o peso da pureza,
Que vomita suas angustias no quarto escuro.
Infeliz do vivente, que anda a contemplar uma rosa,
Que delicadamente chora suas magoas ao pé de um jardim!
Oh! Inacessíveis paixões únicas e terrenas,
Imagem posta em um céu noturno, que mais belo não vi...
Oh! Fantasia esplendida, amarguras infinitas e
sensuais,
Diante uma vida deserta, fria, igual o sopro gélido da
morte!
Infeliz da alma inflamada, convulsa e palpitante,
Que pressente os relâmpagos da impiedosa solidão,
Infeliz do humano, submisso a uma voz misteriosa,
Que no profundo silencio de amor, vaga nos ares da
ilusão!
Oh! Preces soluçantes, instantes de murmúrios incontidos,
Rosa de áspero cravo, imagem romântica de um viver.
Oh! Lábios ardentes, que invadem meu sonho eterno,
Rosa de espinho agudo, miragem simbolista de um querer!
Infeliz da alma que vive a cantar liras de clamor,
Perdendo-se na ingênua melancolia de ser, talvez feliz.
Infeliz do coração que oculta o intenso e real desejo,
Perdendo-se na vida suportando um delirante ardor!
(Natália Tâmara)
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